Ambas as emoções, o medo e a ansiedade, têm a função de
alertar-nos para o perigo e desencadeiam alterações fisiológicas similares
(e.g., aumento de batimento cardíaco, da respiração, tensão muscular, etc.,).
Contudo, apesar dessas similaridades, existem diferenças significativas entre
as duas emoções.
A resposta emocional do medo é desencadeada face a uma
situação de perigo iminente real ou percebida. Por exemplo, se alguém
apontar-lhe uma arma e disser que se trata de um assalto ou se for tocado por
alguém de forma inesperada ou cheirar-lhe a queimado, nestes casos, reage com medo
perante um perigo iminente real ou percebido. Por outro lado, a resposta
emocional de ansiedade é desencadeada face a antecipação de um perigo
futuro. Por exemplo, se se encontrar numa rua pouco iluminada durante a noite,
e começar a preocupar-se com a possibilidade de ser atacado/a ou assaltado/a,
as alterações fisiológicas que pode experienciar como o aumento de batimento
cardíaco, da respiração acelerada e da tensão muscular, não resultam da
ocorrência do evento si, mas sim da possibilidade de sofrer um assalto.
Assim como medo, a ansiedade é uma emoção natural que o/a alerta
para um potencial perigo. Considerando o
exemplo anterior, a ansiedade pode motivá-lo/a a reavaliar se, no futuro,
deseja manter ou alterar o seu percurso. Porém, as alterações fisiológicas
desencadeadas por esta emoção podem ser extremamente assustadoras,
particularmente se não conseguir perceber a causa dos mesmos ou se forem
desproporcionais à situação, nomeadamente, numa entrevista de emprego, num
exame académico ou falar em público.
A resposta de ansiedade quando mal regulada pode evoluir
para um quadro de perturbação de ansiedade - caracterizada por uma resposta de
medo e ansiedade excessiva e persistente, isto é, enquanto a resposta
emocional do medo e da ansiedade desaparecem depois do evento, no caso de uma
perturbação de ansiedade para além da resposta de ansiedade ser mais intensa,
ela persiste mesmo quando o estímulo já não se encontra presente. Nestes casos,
para além das alterações fisiológicas previamente mencionadas, pode
experienciar sintomas como, perda ou aumento de apetite, problemas de sono
(insónia ou hipersónia), comportamentos de evitamento (evitar pessoas, lugares
ou tarefas), irritabilidade, despersonalização, desrealização, entre outras.
Estes sintomas não só causam um elevado distress físico/psicológico,
como também, interferem com o seu normal funcionamento no dia a dia.
As emoções de medo e de ansiedade, estão presentes em muitas
perturbações de ansiedade tais como fobias, agorafobia, perturbação de
ansiedade social e ataques de pânico. Por isso, se está a ter dificuldades em lidar
com os sintomas de ansiedade procure a ajuda de um profissional. O tratamento para
as perturbações de ansiedade, geralmente, inclui a combinação de psicoterapia,
medicações e estratégias de autocuidado.
As estratégias de autocuidado, consistem em pequenas
mudanças que pode fazer no seu dia a dia, como melhorar a sua alimentação (reduzir
o consumo de açucares, cafés, bebidas alcoólicas/tabacos), realizar exercício
físico, melhorar os seus hábitos de sono, eliminar consumo de substâncias
elícitas, bem como, realizar exercícios de relaxamento e de respiração. Estas
estratégias apesar de serem “banais” são essenciais para a manutenção do seu bem-estar
físico e mental a longo prazo.
Dra. Jacqueline Ferreira
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