A ansiedade é frequentemente categorizada como uma emoção negativa, face ao desconforto da sua sintomatologia, mas é importante esclarecer que nenhuma das nossas emoções é negativa, todas elas cumprem uma função específica permitindo-nos viver e desenvolver-nos de forma saudável e segura. Podemos então dizer que a ansiedade é uma emoção normativa do ser humano, que pode ser experienciada em diversas situações e nos mais variados contextos, tendo como finalidade preparar-nos para lidar com situações desafiantes.
Taquicardia, tensão muscular, náuseas, falta de ar, tonturas, preocupações e medos, dificuldades de concentração, oscilação do humor, alterações do sono e pensamentos negativos, são apenas alguns dos sintomas físicos e mentais produzidos pela ansiedade.
Quando esta sintomatologia, aumenta em intensidade e frequência, pode comprometer negativamente as atividades do quotidiano, causando sofrimento emocional e/ou físico.
Nestes casos, a procura de ajuda de um profissional de saúde, nomeadamente psicólogo(a) e/ou psiquiatra, é fundamental.
Hoje em dia, gerir a ansiedade pode ser uma tarefa complexa devido à forma desenfreada em que vivemos. A correria do dia a dia faz-nos viver em constante piloto automático – estado mental em que agimos sem plena consciência do momento presente – inibindo-nos de ter discernimento das nossas emoções, sentimentos e comportamentos. Se neste momento lhe perguntasse quais são os seus hábitos diários, saberia responder-me? É provável que, neste instante, esteja a aperceber-se do quão complicado é responder à minha pergunta, talvez porque ainda não se permitiu parar conscientemente para refletir sobre eles, mas saiba que os nossos hábitos são um dos pilares essências para viver com menos ansiedade.
Os hábitos são comportamentos repetitivos e automáticos que têm como objetivo minimizar o esforço mental face à realização de tarefas diárias, empregando-o na execução de novas atividades. Os nossos hábitos são o reflexo dos nossos pensamentos e crenças, resultando nos nossos comportamentos, estes têm o poder de ser transformadores podendo promover quer a diminuição, quer o aumento da sintomatologia ansiosa.
Para criar ou modificar um hábito, é necessário ter a consciência daquilo que se deseja mudar, e alinhar objetivos e valores que sustentem o processo de mudança, de forma a evitar desistências. Neste sentido, a realização de psicoterapia apresenta-se como uma opção benéfica para trabalhar o autoconhecimento, pensamentos e crenças limitantes, e comportamentos desadaptativos. Um trabalho essencial para promover hábitos saudáveis.
Adotar ou alterar um hábito é possível devido à neuroplasticidade do nosso cérebro – capacidade do cérebro em se adaptar à mudança – mas este objetivo só será bem-sucedido através da constante repetição de uma determinada ação, sendo que o tempo necessário para o adotar pode variar de pessoa para pessoa, dependendo de alguns fatores, tais como:
- Personalidade – características psicológicas e comportamentais que moldam a maneira de pensar, sentir e agir da pessoa.
- Ambiente que a rodeia – favorável ou desfavorável para a realização da ação.
- Compromisso da execução – assiduidade na concretização da ação.
- Capacidade de desempenho – conhecimento e habilidades da pessoa face a execução da ação.
- Resiliência face a possíveis adversidades – Capacidade de recuperação perante algum obstáculo ou falha na realização da ação.
Se a ansiedade está presente na sua vida de uma forma prejudicial, talvez esteja na hora de parar para refletir sobre os seus hábitos. A mudança não é um processo linear, vai tirá-lo/a da sua zona de conforto e, provavelmente, poderá ser desafiante. Os resultados não serão imediatos, mas fazer alterações nos padrões comportamentais que são disfuncionais pode ajudá-lo/a a ter mais qualidade de vida e bem-estar. Não fique à espera do momento certo, porque ele pode nunca chegar, por vezes, a sua mente pode
sabota-lo/a com medo do desconhecido, por isso, tome as rédeas da sua vida.
Comece com pequenas mudanças, tenha uma boa higiene de sono, alimente-se bem, caminhe na natureza, e não queira tudo no imediato. A vida é feita de processos, e se tiver dificuldades, procure ajuda profissional de um psicólogo/a que o/a possa ajudar no processo de mudança e a estabelecer um plano adequado às suas necessidades.
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