Avançar para o conteúdo principal

Respiração diafragmática: O que é, benefícios e como fazer

 


A respiração, apesar de ser um processo natural e automático, é frequentemente realizada de forma superficial, utilizando apenas a parte superior do peito. Esta respiração superficial (envolve sobretudo a ativação do sistema nervoso simpático - sistema responsável pela resposta de luta ou fuga) torna-nos mais vulneráveis a situações de stress e ansiedade. Nas situações de elevado stress ou ansiedade, é comum surgirem alterações no padrão respiratório, podendo inclusivamente ocorrer a sensação de perda de controlo da respiração. A respiração diafragmática, também conhecida como respiração abdominal, é uma técnica simples e eficaz que pode ajudar a aliviar os sintomas de stress e ansiedade, promovendo uma respiração mais profunda e regulada.

O que é a respiração diafragmática?

O diafragma é um músculo que se situa abaixo dos pulmões e que desempenha um papel fundamental no processo respiratório. Durante a inspiração, o diafragma contrai-se e move-se para baixo, criando mais espaço na cavidade torácica, permitindo que os pulmões se expandam para receber o ar. Na expiração, ocorre o movimento inverso, isto é, o diafragma relaxa e eleva-se, ajudando a expulsar o ar dos pulmões.

Na respiração diafragmática, este músculo é ativado de forma consciente para promover uma respiração mais profunda e eficiente. Durante a prática, é possível notar que o abdómen (barriga) se eleva na inspiração e desce na expiração, ao contrário da respiração superficial, que se limita ao movimento do peito e dos ombros.

Quais os benefícios da respiração diafragmática?

Este tipo de respiração apresenta vários benefícios. A título de exemplo, ajuda a:

  • Reduzir os níveis de stress e ansiedade ao ativar o sistema nervoso parassimpático (responsável por regular as funções do corpo em estado de relaxamento e repouso);
  • Reduzir os sintomas físicos de ansiedade, como falta de ar, aperto no peito e tonturas;
  • Diminuir a frequência cardíaca e a tensão arterial;
  • Melhorar a oxigenação do organismo, promovendo sensação de bem-estar;
  • Regular as emoções e a melhorar a concentração;
  • Facilitar o sono e o relaxamento muscular.

Como praticar a respiração diafragmática?

1. Colocação das mãos

Senta-te ou deita-te numa posição confortável. Coloca a mão direita o sobre o abdómen (barriga) e a mão esquerda sobre o peito.

2. Respiração base

Agora, respira normalmente pelo nariz, presta atenção à subida e descida das tuas mãos enquanto respiras.

3. Prática abdominal

Enquanto inspiras, imagina que o teu estômago é um balão a encher, fazendo com que a tua mão suba. Quando expiras, o balão esvazia e a tua mão direita desce. Repara que, enquanto a tua mão direita sobe e desce, a tua mão esquerda fica praticamente imóvel.  

4. Ritmo e repetição

Mantendo um ritmo calmo, inspira em 4 segundos e expira em 6 segundos. Repete durante 5 a 10 minutos. Para obter melhores resultados, pratica esta técnica diariamente, especialmente em momentos de menor tensão. Isso permitirá que te sintas mais confortável com o exercício e, assim, consigas aplicá-lo com facilidade e eficácia nos momentos em que sentires mais stress ou ansiedade.

A respiração diafragmática é uma excelente ferramenta para ajudar a aliviar a resposta ao stress do dia a dia e a reduzir os sintomas físicos da ansiedade. No entanto, embora seja uma técnica eficaz, deve ser utilizada em conjunto com outras estratégias de regulação emocional, especialmente em situações de ansiedade persistente ou em casos de diagnóstico de psicopatologia. Nestes contextos, é fundamental procurar o apoio de um profissional de saúde mental, que poderá orientar de forma adequada o processo de tratamento e promover um acompanhamento especializado, adequado às tuas necessidades específicas.

Dra. Jacqueline Ferreira 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O valor terapêutico do Silêncio: pausas intencionais como estratégia para a promoção da Saúde Mental

Num mundo repleto de ruído – notificações constantes, excesso de informação nas redes sociais e a pressão para estar sempre ocupado(a) ou a alcançar objetivos – o silêncio pode parecer um luxo raro. Contudo, pausas intencionais de silêncio são uma ferramenta poderosa para cuidar da sua saúde mental. Neste artigo, exploro o que torna o silêncio tão transformador e partilhamos formas práticas de o incorporar no seu dia a dia. O silêncio, como ausência de ruído, proporciona vários benefícios ao nível do funcionamento psicológico e cognitivo: 1. Equilíbrio emocional e redução do stress : O silêncio diminui a sobrecarga sensorial e os níveis de cortisol, promovendo um estado de calma e ajudando a regular as emoções. 2. Melhoria da memória, atenção e criatividade : Sem distrações auditivas, o silêncio permite maior foco, estimula a consolidação da memória e aprendizagens, e favorece pensamentos criativos e soluções inovadoras. 3. Regeneração cerebral : O silêncio pode promover a neu...

Saúde Mental na Comunidade Médica: Desafios e Estratégias de Regulação Emocional

  Estando na linha da frente dos cuidados de saúde de toda a população portuguesa, os médicos enfrentam uma combinação única de desafios que impactam negativamente a sua saúde mental, afetando tanto especialistas como internos em formação.  Carga de Trabalho Elevada : turnos prolongados e alta carga emocional, nomeadamente em áreas de cuidados intensivos e emergências, com uma consequente privação de sono e supressão das necessidades fisiológicas (comer, dormir, idas ao WC); Exposição a Trauma e Sofrimento : cuidado diário de utentes em situações de sofrimento agudo, trauma e morte, podendo levar à exaustão emocional e ao desenvolvimento de sintomas de stress pós-traumático; Pressão Organizacional e Administrativa : expectativas de alta produtividade, burocracia administrativa e falta de recursos, podendo gerar maior frustração e desgaste dos profissionais; Isolamento Profissional : pela natureza competitiva e individualista da carreira médica, pode levar a sentimentos de soli...

O paradoxo da insatisfação: Por que é que mesmo tendo tudo, sentimos que nos falta algo?

                 Já sentiste que, mesmo tendo uma vida estável e sem grandes problemas, continuas a sentir que algo falta para te sentires completo(a) e teres bem-estar? Tens saúde, um emprego seguro, boas relações e momentos de lazer, mas, ainda assim, surge uma insatisfação que não desaparece. Este sentimento é mais comum do que pensamos e pode ter diferentes explicações. A insatisfação nem sempre é negativa. Em muitos casos, pode ser uma força que nos impulsiona a crescer, a explorar novas oportunidades, a definir novos objetivos e a procurar mais significado para a nossa vida, sem desvalorizar tudo o que já foi conquistado. No entanto, nem toda a insatisfação tem esta função positiva. Quando se torna constante, intensa e irracional, pode impedir-nos de sentir satisfação com o que temos, criando um ciclo de frustração, autocrítica e mal-estar geral. Um dos fatores que contribui para esta insatisfação é a comparação social, especialmente no...