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A depressão anda de boca em boca

A depressão anda de boca em boca Caro leitor,    Alguma vez ouviu falar em depressão? E em sintomatologia depressiva? Sou capaz de apostar que sim, e muito provavelmente, com diferentes graus de exatidão. Primeiro, vamos à base:  qual a diferença  entre a depressão e a sintomatologia depressiva? A depressão é uma perturbação do humor, catalogada no DSM-V (Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais), que se caracteriza pela presença de sintomas como: humor deprimido, anedonia (falta de prazer), aumento/perda de peso, alterações do sono e da agitação psicomotora, fadiga, sentimentos de desvalorização excessivos, entre outros. Porém, para poder ser equacionada a hipótese de um diagnóstico clínico, é importante atender a muitos mais fatores do que simplesmente a presença de sintomas - o número e intensidade dos mesmos, o grau de comprometimento na vida da pessoa, critérios temporais, comorbidades, a existência ou não de critérios de exclusão, os fatores de risco e prognós

Crianças reféns da tecnologia? Saiba quais os riscos e orientações

     A tecnologia está presente na maior parte do nosso dia-a-dia e o primeiro contacto com ela tem acontecido cada vez mais cedo, na fase da infância, sendo que não é raro que as crianças comecem a interagir com os ecrãs antes de darem os seus primeiros passos, sejam eles no telemóvel, tablet e/ou televisão. Este acontecimento, entre outras causas, deve-se à influência da relação dos pais com as tecnologias.       Sabe-se que é na  infância que acontece o rápido crescimento das células cerebrais, sendo que, desde o nascimento até aos dois anos de idade, o cérebro da criança triplica de tamanho e continua em crescimento e amadurecimento até aos 21 anos. Este desenvolvimento cerebral é influenciado por estímulos ambientais, ou pela falta deles.      A tecnologia pode ser considerada uma oportunidade de aprendizagem para as nossas crianças, mas é fundamental ter alguns cuidados, já que a exposição exagerada aos ecrãs, pode levar ao aumento de problemas de atenção e concentração, a dificu

Será medo, ansiedade ou perturbação de ansiedade?

  Ambas as emoções, o medo e a ansiedade, têm a função de alertar-nos para o perigo e desencadeiam alterações fisiológicas similares (e.g., aumento de batimento cardíaco, da respiração, tensão muscular, etc.,). Contudo, apesar dessas similaridades, existem diferenças significativas entre as duas emoções. A resposta emocional do medo é desencadeada face a uma situação de perigo iminente real ou percebida. Por exemplo, se alguém apontar-lhe uma arma e disser que se trata de um assalto ou se for tocado por alguém de forma inesperada ou cheirar-lhe a queimado, nestes casos, reage com medo perante um perigo iminente real ou percebido. Por outro lado, a resposta emocional de ansiedade é desencadeada face a antecipação de um perigo futuro. Por exemplo, se se encontrar numa rua pouco iluminada durante a noite, e começar a preocupar-se com a possibilidade de ser atacado/a ou assaltado/a, as alterações fisiológicas que pode experienciar como o aumento de batimento cardíaco, da respiração acel

O que fazer com o medo das nossas crianças?

Medo. Uma simples palavra que pode levar-nos no imediato a pensar em inúmeras coisas, muito possivelmente com graus diferentes de desconforto. Apesar de ter uma fama pouco simpática, o medo é, na verdade, uma das nossas emoções básicas e cumpre um papel fundamental nas nossas vidas. O medo ajuda-nos a protegermo-nos dos mais variados cenários e perigos (reais ou imaginários), porque atua ao desencadear no nosso organismo respostas cognitivas, psicofisiológicas e motoras de prevenção (quando hipotetizamos os mais variados cenários), e de alerta, que nos fazem evitar determinadas situações potencialmente perigosas. Olhou para os dois lados antes de atravessar a estrada? Agradeça ao seu medo de ser atropelado por tê-lo protegido desse cenário pouco conveniente! Tal como nós adultos temos a nossa bagagem de medos (uns mais conscientes que outros), também as crianças interagem com esta emoção e, regra geral, não fogem das reações fisiológicas que a resposta de medo pode desencadear no nosso

Como reduzir os impactos negativos das distorções cognitivas?

No contexto da terapia cognitivo-comportamental, a reestruturação cognitiva é uma técnica amplamente utilizada e que permite lidar com as distorções cognitivas de forma eficaz. Esta técnica consiste em desenvolver o hábito de identificar os pensamentos automáticos negativos ou disfuncionais, bem como, as emoções associadas e redirecionar a atenção para pensamentos mais funcionais. Reestruturação cognitiva: como aplicar esta técnica? Passo 1. Conheça os diferentes tipos das distorções cognitivas O primeiro passo para usar esta técnica, consiste em conhecer e compreender os diferentes tipos de distorções cognitivas que existem. Neste artigo apresento-vos sete tipos de distorções cognitivas , mas, para conhecerem os tipos de distorções mais comuns, podem consultar o meu artigo anterior sobre este tópico.    Passo 2. Como identificar as distorções cognitivas que mais usa Para saber quais as distorções cognitivas que mais usa, deve monitorizar os seus pensamentos e as suas emoç

Será que o ambiente circundante afeta a atenção e a memória das crianças?

No meu último artigo, abordei o papel que as cores podem ter nas nossas emoções, destacando a importância da Psicologia Ambiental. Inserido ainda na Psicologia Ambiental, hoje trago mais um assunto de potencial interesse para si: A influência que os elementos visuais do ambiente circundante podem ter na atenção e na memória das crianças em idade escolar, e por conseguinte, no seu desempenho académico. Se vos pedir para pensarem em salas de aula do 1º ciclo, certamente que se recordam de salas coloridas, com vários elementos visuais, como posters, desenhos, trabalhos dos alunos, esquemas, entre outros. Se por um lado o objetivo desses materiais é a estimulação do desenvolvimento cerebral das crianças e a consolidação das suas aprendizagens, por outro lado, de acordo com investigações recentes, esses elementos podem funcionar como distrações*. Para aguçar o vosso interesse sobre esta temática, destaco seguidamente um estudo da minha autoria. Em 2018, publiquei na Revista Científica

A autoestima das nossas crianças – o que fazer para a promover?

A autoestima é complexa de definir e é um conceito que engloba o juízo de valor que fazemos relativamente a características que temos. Gostamos do que somos? Gostávamos de ser diferentes? Comparamo-nos com os outros e achamos que somos piores? Melhores? Que imagem gostamos de projetar para os outros? Como achamos que somos vistos? Como nos vemos a nós próprios?   Talvez mais importante do que tentar arranjar uma definição consensual, seja discutir o porquê de a autoestima ser um tópico importante de reflexão. Pode não parecer, mas neste conceito residem uma diversidade de constructos importantes para o nosso bem-estar, saúde e desenvolvimento. E claro, melhor do que trabalharmos nisto em adultos, é tentarmos incutir nas nossas crianças estas noções básicas de amor-próprio para que elas possam crescer num ambiente equilibrado, tornando-se adultos plenos e capacitados.  Uma boa autoestima permite às nossas crianças expressarem-se de forma saudável, aprenderem a cuidar de si, tomarem deci