A depressão é uma perturbação mental complexa que afeta as pessoas
independentemente do género. No entanto, ela pode manifestar-se de
forma diferente em homens e mulheres, o que pode contribuir para que ela
passe despercebida nos homens.
O que é depressão?
A depressão é
uma perturbação de humor que causa sentimentos de tristeza de
forma persistente e/ou perda de interesse/prazer nas
atividades que a pessoa costumava gostar. A perturbação depressiva
major ou clínica, influencia a forma como a pessoa se sente (ex.,
humor depressivo na maior parte do dia), pensa (ex.,
pensamentos recorrentes sobre a morte ou suicídio), comporta (ex.,
isolamento social), interferindo com o seu normal funcionamento. Isso pode
incluir dificuldades em realizar atividades como trabalho, estudos ou até mesmo
em manter os cuidados básicos, como a higiene ou a alimentação.
Sintomas gerais da Perturbação Depressiva Major
A perturbação depressiva major é considerada
uma condição crónica, porém, geralmente ela ocorre em episódios que podem
durar semanas ou meses e a pessoa pode experienciar múltiplos episódios ao
longo da sua vida. Durante estes episódios, que variam de pessoa para pessoa,
os sintomas também variam no grau de severidade (ligeiro a grave), na
frequência e na duração, e podem incluir:
- Humor
depressivo na maior parte do dia;
- Irritabilidade
e/ou raiva;
- Sentimentos
de inutilidade;
- Perda
de prazer/interesse nas atividades que costumava gostar (hobbies);
- Alterações
no apetite (perda ou ganho de peso);
- Perda
de interesse sexual;
- Alterações
no padrão do sono (insónia ou hipersónia);
- Choro
sem motivo aparente;
- Dificuldade
de concentração/ tomada de decisão;
- Pensamentos
e/ou desejos suicidas.
É importante ter em atenção que a tristeza é diferente da
depressão. A tristeza é uma emoção temporária e geralmente é desencadeada por
uma situação de perda específica (ex., emprego, animal de estimação ou um
familiar). Enquanto a depressão gera na pessoa um sentimento de tristeza que
persiste praticamente todo o dia por pelo menos duas semanas, em combinação com
vários outros sintomas.
Apesar destes sintomas variarem de pessoa para
pessoa, é comum os homens experienciarem:
- Alterações emocionais como
irritabilidade, raiva, ansiedade, tristeza, sensação de vazio ou falta de
esperança;
- Alterações cognitivas como dificuldades
em concentrar-se, em tomar decisões, em completar tarefas ou
pensamentos/desejos suicidas (ex., “a minha vida não faz sentido”, “o que
estou aqui a fazer”);
- Alterações físicas como fadiga, dores,
tensão muscular, cansaço, problemas digestivos, perda de interesse ou
redução do desempenho sexual, alterações no apetite, bem como, no padrão
do sono;
- Alterações comportamentais como
isolamento social (ex., afastar-se da família, de amigos ou outras
interações sociais), consumo excessivo de álcool, de tabaco, de drogas, ou
adotar outros comportamentos de riscos (ex., envolver-se em comportamentos
sexuais de risco).
Ao contrário das mulheres que geralmente
experienciam e expressam a tristeza, é muito comum os homens expressarem essa
emoção através da irritabilidade e/ ou da raiva. Além disso, é comum os homens
recorrerem ao consumo de bebidas alcoólicas ou drogas para lidarem com os
sintomas depressivos visto que apresentam uma maior dificuldade em reconhecer,
falar ou procurar apoio para lidarem com problemas emocionais ou psicológicos.
Estes comportamentos podem contribuir para o desenvolvimento de perturbações
relacionadas com substâncias ou perturbações aditivas concomitantemente com a
depressão - um fenómeno conhecido como a comorbilidade.
A perturbação depressiva pode ser tão grave, ao ponto
de poder levar à morte. Existe uma maior probabilidade de os homens
morrerem por causa da depressão porque tendem a utilizar métodos mais letais
para cometerem o suicídio do que as mulheres. Portanto, é essencial que saiba
reconhecer estes sintomas e sobretudo, se está a experienciar
pensamentos/desejos suicidas deve procurar a ajuda de um profissional o mais
rapidamente possível para receber um tratamento adequado para a
depressão. Saber reconhecer estes sintomas, aliado a um pedido de ajuda
atempada, pode salvar vidas.
Dra. Jacqueline Ferreira
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