Avançar para o conteúdo principal

Perturbação de Ansiedade Generalizada: sintomas, fatores de risco e formas de tratamento

 


A ansiedade e a preocupação fazem parte do nosso dia a dia, mas, geralmente, desaparecem após o evento stressor. Contudo, se sente que não consegue controlar as suas preocupações e se está a experienciar a ansiedade de forma persistente, mesmo quando não há nenhuma razão aparente, estes sintomas podem ser sinais da Perturbação de Ansiedade Generalizada. Esta perturbação pode afetar todas as faixas etárias, incluindo crianças, e pode ser extremamente debilitante, podendo mesmo, interferir com todos os aspetos da sua vida.

O que é a Perturbação de Ansiedade Generalizada (PAG)?

Como o próprio nome indica, a PAG é uma perturbação de ansiedade e é caracterizada pela ansiedade e preocupação, persistentes e excessivas sobre múltiplos aspetos da vida da pessoa. Nos adultos, essa preocupação excessiva inclui questões como a saúde, o dinheiro, o trabalho, a família, entre outros. Já nas crianças com PAG, essa preocupação excessiva tende a centrar sobretudo nas suas capacidades (ex., preocupação com o desempenho na escola ou fora dela), mas também podem mostrar-se preocupadas com a saúde de familiares ou possíveis desastres (ex., guerras ou catástrofes ambientais). Contudo, durante a doença, é possível que o foco da preocupação sofra alterações, isto é, quer os adultos, quer as crianças, podem notar que estão a passar de uma preocupação para a outra.

A PAG causa vários sintomas, tais como, emocionais (ex., ansiedade, impaciência, irritabilidade, apreensão), físicos (ex., agitação, tensão muscular, problemas de sono), cognitivos (ex., dificuldades de concentração, catastrofização, dificuldades em controlar a preocupação) e comportamentais (ex., procura de validação e ou evitamento). Estes sintomas tendem a agravar, nos momentos de maior stress (ex., doença, avaliação académicas, problemas no trabalho ou familiares).

Quais os fatores de risco?

Semelhante ao que acontece com as outras perturbações mentais, existem vários fatores de riscos, nomeadamente, os fatores genéticos (ex., historial familiar de perturbações mentais), os fatores psicológicos (ex., neuroticismo, ruminação), os fatores biológicos (ex., alterações hormonais), e os fatores sociais/ambientais (ex., experiências traumáticas, stress crónico), que podem contribuir para o desenvolvimento desta perturbação. 

Como tratá-la?

O tratamento desta perturbação, geralmente, envolve:

Alterações no estilo de vida

  • A adoção e a manutenção de comportamentos de autocuidado diário, tais como, o cuidado com a higiene, a alimentação, o sono, a atividade física, a interação social, bem como, estabelecimento do equilíbrio entre a vida profissional e a vida familiar, são essenciais para o bem-estar físico e emocional.

Psicoterapia

  • A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) é comumente usada por ser bastante eficaz no tratamento de várias perturbações mentais, incluindo a PAG. Uma das intervenções com base nesta modalidade terapêutica consiste em auxiliar as pessoas a identificarem os padrões de pensamentos disfuncionais, as respostas emocionais, as sensações, bem como os comportamentos associados e a desenvolverem estratégias para melhor lidarem com a preocupação e a ansiedade.

Medicação

  • Existem diferentes tipos de medicação, nomeadamente os ansiolíticos e os antidepressivos que podem ser usados para aliviar os sintomas associados a esta condição. Neste caso, a intervenção articulada com um médico psiquiátrica pode ser benéfica.

Apesar da PAG ser extremamente debilitante, ela é tratável. Portanto, se está a sofrer com a preocupação e a ansiedade, especialmente se os sintomas mencionados anteriormente estão a interferir com o seu normal funcionamento, procure a ajuda de um profissional da saúde mental. Com o apoio adequado pode recuperar o seu bem-estar físico e emocional.

Dra. Jacqueline Ferreira 


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Como reconhecer e superar um relacionamento tóxico

Os relacionamentos amorosos desempenham um papel central na vida de muitas pessoas e, idealmente, deveriam ser uma fonte de felicidade, apoio e crescimento mútuo. Contudo, nem todas as relações cumprem este propósito e, por vezes, podem tornar-se tóxicas, prejudicando a autoestima, a saúde mental e o bem-estar emocional. Um relacionamento tóxico é caracterizado por comportamentos que comprometem o respeito, a confiança e a segurança emocional entre o casal, frequentemente subtis no início, mas que tendem a intensificar-se com o tempo, criando um ambiente emocionalmente desgastante.  Entre os comportamentos mais comuns que podem surgir, estão:  -  Manipulação emocional  por parte de um dos elementos, incitando a sentimentos de culpa, medo ou vergonha como forma de controlo do outro; -  Falta de respeito , manifestada através de comentários depreciativos ou humilhações, que costumam ser recorrentes e em qualquer contexto; -  Ciúmes excessivos  e  co...

Do Pensamento à Ação: Como os pensamentos influenciam os nossos sentimentos e as nossas decisões

  Já alguma vez se perguntou por que se sente de determinada forma ou por que agiu de certa maneira? Os pensamentos são a base da nossa experiência interna e têm impacto direto nas nossas ações e comportamentos. A forma como pensamos influencia a maneira como percebemos, sentimos e interagimos com o mundo. Os pensamentos são processos mentais que podem ser conscientes ou inconscientes, surgindo de forma espontânea ou em resposta a um estímulo. Estes envolvem, por exemplo, o processamento de informações, imagens e memórias e desempenham um papel crucial na forma como nos sentimos, na nossa tomada de decisão e na resolução de problemas. Os pensamentos podem ser classificados de várias formas, consoante o impacto que têm nas emoções e nos comportamentos, a saber:  - Pen samentos automáticos:  Surgem de forma rápida, espontânea e sem esforço consciente. Muitas vezes, baseiam-se em crenças (ideias ou convicções aceites como verdadeiras, independentemente se há ou não evidência...

Colaboradores presentes de corpo e mente – estratégias de minimização do presenteísmo nas organizações

O Presenteísmo caracteriza-se pelo comportamento dos colaboradores que, mesmo estando fisicamente presentes no local de trabalho, estão mentalmente distantes, não se envolvendo ativamente nas tarefas que têm em mãos. Este comportamento pode manifestar-se de diversas formas, desde a desmotivação e apatia até à existência passiva às demandas do trabalho. Estando este fenómeno associado tanto a questões de saúde física e emocional das equipas (conforme explorado no artigo anterior ) como a características específicas da gestão de cada organização, torna-se crucial que as organizações adotem estratégias eficazes para identificar e minimizar os seus efeitos. Indicadores de Intervenção: Motivação e Compromisso – o trabalho, quando valorizado e significativo, pode ser uma fonte de prazer e satisfação. Assim, trabalhar sobre a motivação dos colaboradores evidencia-se, neste contexto, como um mecanismo de prevenção do presenteísmo. Quando os colaboradores atribuem significado ao seu trabalho, ...