As práticas de bedsharing e co-sleeping têm sido alvo de discussão no contexto da parentalidade. Neste artigo, exploro os conceitos, as vantagens e desvantagens associadas ao bedsharing e ao co-sleeping, considerando tanto os benefícios emocionais quanto os potenciais riscos para o desenvolvimento saudável da criança e da dinâmica familiar.
O conceito bedsharing diz respeito à partilha da cama entre os pais e o bebé ou criança durante sono e o termo co-sleeping é definido como a prática da partilha do quarto entre os pais e o bebé ou criança, por exemplo um berço acoplado à cama dos pais.
A adoção destas práticas varia significativamente de acordo com a cultura, o contexto social, as dinâmicas familiares e as necessidades individuais. Nos países industrializados ocidentais (Espanha, Alemanha, Reino Unido...) têm sido objeto de debate, embora as estatísticas demonstrem um aumento na prevalência do co-sleeping.
No âmbito da história evolutiva da humanidade, a co-sleeping entre mães e bebés era uma prática comum e existem evidências que sugerem que a proximidade física durante a fase de infância traz vantagens consideráveis, nomeadamente no que diz respeito à promoção da amamentação e ao fortalecimento do vínculo entre mãe e filho. Todavia, é necessário reconhecer que estas práticas também podem acarretar desvantagens, tais como:
- Dependência excessiva da criança em relação aos pais para dormir e, consequentemente, dificuldade na transição para dormir sozinha;
- Ansiedade de separação, pela partilha prolongada da cama com os pais;
- Impacto na qualidade do sono dos pais, uma vez que crianças mais velhas podem movimentar-se mais durante a noite;
- Pouca privacidade na relação do casal;
- Problemas de sono na criança, como dificuldade de adormecerem sozinhas ou a tendência para acordar frequentemente durante a noite;
- Risco de acidentes, como quedas, asfixia e risco de Síndrome da Morte Súbita Infantil (SMSI), sobretudo em bebés.
A Academia Americana de Pediatria (AAP) emitiu uma declaração que classifica a prática de partilha da cama como insegura, principalmente no que diz respeito a bebés, recomendando, assim, a prática do co-sleeping em detrimento do bedsharing. As vantagens do co-sleeping passam por:
- Facilitar a amamentação, possibilitando que a mãe amamente com maior frequência e durante períodos prolongados;
- Reforçar o vínculo emocional entre pais e filhos, fomentando uma sensação de segurança e proximidade de forma segura;
- Diminuir a ansiedade e proporcionar conforto à criança quando esta enfrenta o medo do escuro ou pesadelos;
- Facilitar uma transição gradual para que a criança possa adquirir o hábito de dormir de forma independente.
É fundamental notar que, a partir do primeiro ano de idade, é recomendável que a criança faça a transição para o seu próprio espaço de sono. Quanto mais tardia for esta transição, mais desafiadora poderá ser tanto para a criança quanto para a dinâmica familiar. É comum surgirem resistências na hora de deitar, e, frequentemente, os pais cedem para evitar conflitos, adiando assim a transição e agravando as desvantagens previamente mencionadas.
Para facilitar a transição, é importante estabelecer rotinas consistentes com a criança, incluindo ações como o banho, vestir o pijama, escovar os dentes e a leitura de uma história antes de dormir. Envolver a criança na organização do seu próprio quarto, como fazer a cama e escolher um peluche para a acompanhar durante a noite, pode também contribuir para uma adaptação mais suave.
A prática do bedsharing e do co-sleeping é um tema complexo e amplamente debatido, tornando-se essencial que os pais tomem decisões informadas, considerando os potenciais riscos e benefícios para o bem-estar da criança.
Se estas práticas constituem um desafio na sua dinâmica familiar e parental, procure a orientação de um profissional na área da psicologia infantil ou do desenvolvimento.
Dra. Joana Dias
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