O 9.º ano é uma etapa decisiva no percurso escolar, pois é nesta fase, mais concretamente no final desse ano letivo, que se escolhe a área de estudos para os três anos seguintes. A escolha de uma área de estudo ou curso pode gerar dúvidas, incertezas e muita angústia. A avaliação psicológica em orientação vocacional é uma ferramenta muito útil que pode apoiar os adolescentes e jovens neste processo. No entanto, persistem vários mitos em torno desta avaliação, que podem criar expectativas irrealistas ou até mesmo resistências quanto à sua utilidade. Neste artigo, convido-te a conhecer e a desconstruir alguns mitos sobre a avaliação vocacional.
Avaliação psicológica em Orientação
Vocacional – o que é?
A avaliação
psicológica em orientação vocacional é um processo de avaliação estruturado e
colaborativo que visa promover o autoconhecimento e apoiar a tomada de decisões
académicas e profissionais de forma consciente, informada e alinhada com o
perfil e os objetivos de cada um. Desta forma, promove escolhas mais
esclarecidas e coerentes com quem são e com aquilo que pretendem alcançar.
Existem vários
mitos associados ao processo de avaliação psicológica em orientação vocacional,
mas neste artigo vou concentrar sobre quatro que tendem a ser particularmente
mais frequente
Mito 1 – “A avaliação diz qual é o curso ou
a profissão certa para mim.”
Não. A avaliação
psicológica em orientação vocacional não tem como objetivo indicar qual o curso
ou a profissão ideal. O seu papel é apoiar-te na tomada de decisão, ajudando-te
a identificar e a clarificar as tuas características pessoais, interesses,
valores, competências, entre outros. A escolha final deve resultar da
integração dessas informações com o teu contexto, as oportunidades disponíveis
e os teus objetivos, tanto a curto como a longo prazo. Assim, a avaliação
oferece-te ferramentas para fazeres escolhas mais conscientes e alinhadas com
quem és e com aquilo que pretendes alcançar.
Mito 2 – “A avaliação em orientação
vocacional é apenas fazer testes.”
Não. Embora os
testes sejam uma parte importante, a avaliação psicológica em orientação
vocacional vai muito além disso. Trata-se de um processo de avaliação com
várias etapas, baseado em modelos teóricos cientificamente validados e em
técnicas especializadas, como observações, entrevistas, aplicação de
instrumentos, reflexão e análise dos resultados. O objetivo principal não é
apenas testar, mas promover o autoconhecimento e fornecer informações que
auxiliem na tomada de decisão.
Mito 3 – “A orientação vocacional faz-se
numa sessão.”
Não. Escolher um
curso ou uma profissão é um processo que exige reflexão e tempo. Embora o
número de sessões possa variar, é fundamental compreender que a avaliação em
orientação vocacional é um processo estruturado e colaborativo, composto por
quatro etapas principais: exame preliminar, exame aprofundado, integração dos
dados recolhidos e, por fim, devolução dos resultados, aconselhamento e
planeamento das ações a desenvolver.
Mito 4 – “A avaliação serve apenas para
quem não sabe o que quer ou para quem está indeciso.”
Não. A avaliação em
orientação vocacional é útil não só para quem ainda não definiu o seu caminho
ou se sente indeciso, mas também para aqueles que desejam confirmar se as suas
escolhas estão alinhadas com o seu perfil e objetivos. Este processo permite validar
decisões já tomadas e reforçar a confiança nas opções escolhidas.
Além de apoiar
adolescentes e jovens nas transições dos seus percursos académicos, a avaliação
em orientação vocacional é igualmente valiosa para adultos que pretendem
redefinir ou mudar o seu percurso profissional. Ajuda a clarificar e redefinir
objetivos pessoais e profissionais, tendo em conta as oportunidades e
necessidades do contexto laboral. Assim, promove o equilíbrio entre a vida
pessoal e profissional e facilita escolhas mais satisfatórias ao longo da vida.
Desmistificar estes
mitos é essencial para perceber que a avaliação psicológica em orientação
vocacional é um processo estruturado, colaborativo e construído em conjunto. Ao
clarificar o seu verdadeiro propósito, adolescentes e famílias podem
envolver-se com maior confiança e clareza. Por isso, se precisar de orientações
ou esclarecimentos mais específicos, não hesite em procurar a ajuda de um
profissional.
Por fim, importa
reforçar que a avaliação não impõe escolhas, mas sim potencia a capacidade de
tomar decisões informadas e alinhadas com o perfil e os objetivos de cada

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